Mao nasceu numa família de camponeses, mas recebeu
uma educação esmerada. Desde jovem, ele se revoltou com a situação social
opressiva de seu país e foi um dos fundadores do Partido Comunista Chinês. Nos
anos 1920, conjuntamente com o Kuomitang - ou Partido Nacionalista Chinês -
organizou sindicatos e entidades de classe operárias e camponesas. Em 1927,
ocorreu o rompimento entre os partidos e teve início o processo revolucionário chinês. Nos anos
seguintes, depois de um fracassado em Hunan, Mao estabeleceu sovietes no
interior do país e organizou um Exército vermelho. Em 1931, foi eleito
presidente da República Soviética da China, com base na província rural de
Jiangxi. Depois de diversos enfrentamentos com os nacionalistas, e quase
derrotado, Mao conduziu o Exército vermelho pela chamada "Longa
Marcha", percorrendo 10 mil quilômetros até a província de Shensi.
Tornou-se assim o principal líder comunista do país. Durante a Segunda Guerra Mundial, comunistas e
nacionalistas continuaram guerreando entre si, mesmo combatendo os japoneses
que invadiram o país. A guerra civil chinesa foi em frente após a derrota do
Japão e resultou na tomada da China continental pelos comunistas, que forçaram
os nacionalistas a se fixar em Formosa (Taiwan), criando uma divisão do país
que permanece até os dias de hoje. Em 1949, foi fundada a República
Popular da China. Mao tornou-se seu presidente, assim como secretário-geral do
Partido Comunista Chinês. No entanto, a China era um país atrasado em termos
econômicos e industriais. Na tentativa de resolvê-los, usando como combustível
a ideologia revolucionária, Mao lançou em 1958 a política que chamou de
"Grande Salto para a Frente", com o intuito de industrializar o país.
Essa política revelou-se desastrosa. Não só não
conseguiu a industrialização do país como matou de fome cerca de 20 milhões de
chineses (estimativas mais recentes mencionam 70 milhões). Isso resultou também
na ruptura com a União Soviética que cortou seu auxílio à China. Mao acusou os
soviéticos de traidores do marxismo e de "revisionistas".
Após um breve período em plano secundário, Mao
retornou ao poder promovendo o que chamou de Revolução Cultural (1966-1976).
Através dela, mobilizou as massas contra as velhas lideranças do Partido
Comunista Chinês, a quem acusava de burocratização ao estilo soviético.
É desse período, mais precisamente de 1964, que
data a publicação do Livro vermelho,
coletânea de citações e trechos de discursos de Mao, organizado pelo ministro
da defesa e chefe das forças armadas, Lin Piao. O livro, em formato de bolso,
foi um instrumento eficaz no desenvolvimento do culto à personalidade de Mao.
Utilizado para a doutrinação ideológica das massas, reafirmava a ideia de que o
maoísmo era a culminação do pensamento marxista-leninista. Durante esse
período, citações do livro eram exigidas inclusive em trabalhos científicos e
sua leitura realizada, diariamente, nas escolas e nos locais de
trabalho. O passo seguinte, a criação de grupos armados de estudantes, que
perseguiram intelectuais, professores e antigos membros do PC, acabou
resultando num banho de sangue cujas mortes ainda não podem ser calculadas, dado
o fato de a ditadura comunista chinesa continuar impedindo as
investigações. Vale mencionar que, enquanto os massacres varriam a China,
os intelectuais ocidentais garantiam que tudo não passava de propaganda
anticomunista e filósofos do porte de Jean-Paul Sartre se proclamava maoísta,
tecendo louvores à Revolução Cultural. Em 1976, porém, com a morte de Mao,
o processo se interrompeu. A viúva de Mao, Jiang Qing, que tentou sucedê-lo,
não conseguiu se manter por mais de poucos meses no poder. Os oponentes de Mao
que lhe haviam sobrevivido, liderados por Deng Xiaoping, deram um golpe de
estado e imprimiram novos rumos à China - sem desviar da política ditatorial do
partido único.
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